Trincas e Fissuras em Edificações: Quando se Preocupar e Como Corrigir? 

  • Engegrout Eng.
  • 1st novembro 2023 3 dias atrás
  • 2 semanas atrás min de leitura

As trincas e fissuras são manifestações patológicas comuns nas edificações e, muitas vezes, geram preocupação em moradores, síndicos e até mesmo profissionais da área. Apesar de parecerem semelhantes, elas possuem características, causas e níveis de gravidade distintos e entender essas diferenças é essencial para definir a intervenção correta. 

Este artigo traz uma abordagem técnica, mas acessível, sobre os tipos mais comuns de trincas e fissuras, suas possíveis causas, formas de diagnóstico e os caminhos corretivos conforme as normas técnicas vigentes. 

O que são trincas e fissuras? 

Segundo a ABNT NBR 15575:2013 – Norma de Desempenho de Edificações Habitacionais, qualquer falha que comprometa o desempenho da estrutura ou dos elementos de vedação deve ser considerada relevante. Trincas e fissuras são aberturas lineares em superfícies de alvenaria, concreto ou revestimentos e podem variar em largura, profundidade e extensão. Atualmente, não existe uma norma específica da ABNT que defina de forma padronizada os limites de abertura de trincas e fissuras aplicáveis a todos os tipos de elementos construtivos.  

Entretanto, algumas normas oferecem critérios complementares. A ABNT NBR 6118:2023, voltada ao projeto de estruturas de concreto armado, recomenda que fissuras em elementos estruturais não ultrapassem 0,3 mm, especialmente em ambientes agressivos ou expostos à umidade. Por outro lado, o valor de 0,5 mm citado em muitas inspeções prediais e perícias é adotado como um parâmetro prático não normativo, utilizado para diferenciar fissuras superficiais (geralmente estéticas) de trincas mais significativas, com potencial comprometimento funcional.  

Essa abordagem é amplamente difundida em documentos técnicos, como o Manual de Inspeção Predial do IBAPE/SP, e leva em consideração não apenas a abertura, mas também a evolução, a profundidade e a localização das manifestações. 

  • Fissura: abertura superficial, geralmente com menos de 0,5 mm de largura. Normalmente é estética. 
  • Trinca: abertura maior que 0,5 mm ampla, com potencial de comprometer o desempenho funcional ou estrutural. 

Quais são as causas mais comuns? 

As causas são diversas, e podem ser agrupadas em quatro principais categorias: 

  1. Variações térmicas: dilatação e retração dos materiais, comuns em regiões com grande amplitude térmica diária. 
  1. Movimentações estruturais: recalques diferenciais da fundação, sobrecargas ou vibrações não previstas. 
  1. Retração dos materiais: como a retração da argamassa, do concreto ou de revestimentos mal curados. 
  1. Vícios construtivos: ausência de juntas de dilatação, falta de amarração entre elementos e uso de materiais inadequados. 

Além disso, a falta de manutenção preventiva, especialmente em edificações com mais de 10 anos, agrava essas manifestações. 

Como identificar e quando agir? 

A ABNT NBR 16747:2020 – Inspeção Predial não apresenta uma listagem específica de manifestações patológicas a serem consideradas críticas, mas estabelece que sua avaliação deve levar em conta o risco potencial, o impacto funcional e a urgência de intervenção. Com base em boas práticas profissionais e diretrizes técnicas, como as do IBAPE/SP, algumas condições merecem atenção especial, tais como: 

  • A trinca atravessa mais de um elemento (ex: parede + laje). 
  • Apresenta crescimento visível em curto período. 
  • Há sinais de infiltração, ferrugem ou mofo ao redor. 
  • Compromete elementos estruturais (pilares, vigas, fundações). 

Soluções corretivas possíveis 

Antes de tudo, é necessário diagnóstico técnico por engenheiro habilitado, conforme exige o CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Só após o laudo é possível definir o método adequado de reparo, que pode incluir: 

  • Rejuntes e selantes para fissuras superficiais. 
  • Injeção de resinas epóxi em trincas estruturais. 
  • Reforço estrutural com fibra de carbono ou aço. 
  • Demolição e reconstrução local em casos severos. 

Dê uma olhada no quadro abaixo e tire todas as suas dúvidas! 

CRITÉRIO FISSURA TRINCA 
Largura Inferior a 0,5 mm Superior a 0,5 mm 
Profundidade Superficial Pode atingir camadas internas ou estrutura 
Gravidade Baixa Moderada a alta 
Causa provável Retração, temperatura Recalque, vibração, erro estrutural 
Ação recomendada Selamento, pintura e etc Laudo técnico e reforço, se necessário 

Conclusão 

Trincas e fissuras são muito mais do que simples marcas em paredes ou pisos, elas são indícios de que algo pode estar comprometendo a integridade da edificação. Ainda que muitas vezes sejam superficiais e tenham apenas impacto estético, sua origem pode revelar problemas estruturais mais sérios, especialmente quando ignoradas ou tratadas de forma inadequada. 

A boa notícia é que, quando diagnosticadas corretamente e com antecedência, a maioria dessas manifestações pode ser corrigida de maneira eficaz e segura. Para isso, é essencial contar com o olhar técnico de um engenheiro habilitado, que avaliará o comportamento das fissuras, suas causas e as soluções corretivas compatíveis com cada caso. 

Além disso, reforça-se a importância da manutenção preventiva, da observação contínua e do cumprimento das normas técnicas, como a ABNT NBR 16747:2020, que estabelece diretrizes para inspeções prediais. Esses cuidados não apenas preservam o desempenho da edificação, mas garantem segurança, conforto e valorização do patrimônio. 

Se notar qualquer fissura ou trinca no seu imóvel, encare isso como um sinal de alerta e não apenas como um problema estético. Avaliar, entender e agir no momento certo pode evitar transtornos maiores no futuro. Afinal, cuidar do imóvel é cuidar daquilo que protege a sua história. 

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Referências 

Este artigo foi elaborado com base nas normas técnicas brasileiras, visando fornecer uma visão clara e precisa sobre as diferenças entre inspeção, vistoria e perícia técnica. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575:2013 – Edificações Habitacionais – Desempenho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9452:1986 – Aberturas em elementos de concreto – Terminologia e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16747:2020 – Inspeção Predial – Diretrizes, conceitos, terminologia e procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2020. 

CONSELHO FEDERAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA. Resolução nº 1.025, de 30 de outubro de 2009. Dispõe sobre a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 209, p. 143–145, 2 nov. 2009. 

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